segunda-feira, 23 de julho de 2012

SUBMISSA, EU? NEM PENSAR!




Dani Marques

Ao contrário do que muitos pensam, submissão não é sinônimo de fraqueza, mas sim de força. Uma mulher submissa não é escrava, pelo contrário, é livre! Literalmente milhares casais enfrentam grandes problemas porque maridos e esposas não entendem este princípio. A submissão na verdade, é o método de Deus para revelar o seu poder, poder este que pode transformar algo que contribuiria para o nosso mal em algo que irá cooperar para o nosso bem.

O marido não deve governar sobre a mulher, mas sim liderar o lar. O que um líder faz? Direciona. Famílias estão perdidas e desestruturadas porque marido e mulher literalmente disputam por este papel. Mas a Palavra é muito clara, ela não nos deixa dúvidas: o papel de líder é do marido! A Bíblia troca a palavra "líder" por "cabeça", mas o que é uma cabeça sem o restante do corpo? Mulher, você também tem um papel importantíssimo! E pensando nessa questão de liderança, quantas vezes por dia nos submetemos a ela? Pais, professores, chefes, governo, leis de trânsito, entre outros. Submissão é um fato da vida. Por que então é tão difícil para uma mulher se submeter a seu esposo?

Descobri algo muito valioso estudando esse tema. Leiam estes versículos com muita atenção: "Do mesmo modo, mulheres, sujeitem-se a seus maridos, a fim de que, se alguns deles não obedecem à palavra, sejam ganhos sem palavras, pelo procedimento de sua mulher, observando a conduta honesta e respeitosa de vocês. Do mesmo modo vocês, maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres e tratem-nas com honra, como parte mais frágil e co-herdeiras do dom da graça da vida, de forma que não sejam interrompidas as suas orações. 1 Pedro 3:1, 2 e 7

Você quer que seu marido mude? A mudança começa em você. Quer que ele te trate com honra e amor? Então seja submissa a ele, como ato de fé e obediência a Palavra. Marido, quando você deixa de tratar sua esposa com amor, honra e como a parte mais frágil ou usa o seu "poder" para escravizá-la ou humilhá-la, suas orações serão interrompidas, diz o versículo. Ou seja, seu relacionamento com Deus enfraquecerá. O autor do livro Amor e Respeito, Emerson Eggerichs, conta que quando um homem chegava em seu consultório dizendo que se sentia distante de Deus, a primeira pergunta que ele fazia era: "Como está o seu relacionamento com a sua esposa?". Depois de algumas desculpas, os maridos acabavam confessando: "Não está nada bem..."

Esposas, vocês percebem que quando não são submissas e não tratam seus maridos com o devido respeito, faz com que eles não consigam demonstrar o amor que vocês merecem e como consequência, as orações deles são interrompidas? Isso é muito sério! A submissão a seu marido demonstra a sua submissão a Deus. Não é mais uma questão entre você e seu cônjuge, mas sim entre você e Deus!

Vou contar uma história verídica, apenas alterando os nomes: "Rebeca e seu esposo Luiz viviam em pé de guerra. Seu casamento estava por um fio. Rebeca em seu desespero se voltou a Deus clamando por sabedoria. Ela podia ver as falhas e defeitos de Luiz (que eram muitos), mas não sabia mais o que fazer para mudá-lo. Ela começou a procurar a resposta na Bíblia, e quando leu Efésios 5.33 e 1Pedro 3.1, descobriu que deveria respeitar e ser submissa a seu marido, independentemente das suas falhas. Em diversas ocasiões se sentiu humilhada, deprimida, frustrada e com raiva. Chegou ao ponto de quase desistir, mas mesmo assim perseverou. Depois de muita oração, uma transformação sobrenatural aconteceu nas atitudes, hábitos, pensamentos, palavras e no relacionamento de Rebeca com Luiz." Ela agiu com fé e Deus honrou sua obediência. É disso que estou falando!

A esposa tem uma grande responsabilidade, mas os maridos também tem: "Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja... Da mesma forma, os maridos devem amar as suas mulheres como a seus próprios corpos. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo. Portanto, cada um de vocês também ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o marido com todo o respeito." Efésios 5:22-33

Percebem que assim que Paulo termina de falar que as mulheres devem ser submissas, quase que no mesmo fôlego ele diz que os maridos devem amar suas esposas? Uma coisa leva a outra. O grande problema é que somos incrédulos. "Eu, ser submissa a ele? Nem pensar! Já tentei de tudo, ele não muda!" ou "Não consigo demonstrar amor a minha mulher com tanto desrespeito. São tantas palavras de críticas e cobranças que já não aguento mais... desisti!" Um casal que pensa desta maneira está caminhando para a destruição de seu casamento e para que isto não aconteça, um dos dois precisará ser maduro o suficiente e dar o primeiro passo, um passo de fé. Outra coisa importante é: A autoridade espiritual do homem no lar só existe quando este promove o amor. Marido, quer que sua esposa seja submissa a você? Ame-a! Esposa, quer que seu marido a trate com amor? Respeite-o! É um verdadeiro ciclo.

Mas a submissão também não pode servir de desculpa para fugir das responsabilidades e nem de álibi para fraqueza. Muitas mulheres com a desculpa da submissão, fazem com que seus maridos vivam suas vidas por elas, tomando as suas decisões. Como já foi dito, a submissão não é um sinal de fraqueza, é uma demonstração de força. Um mulher com espírito e personalidade fortes pode se submeter mais facilmente, pois não se preocupa com os resultados de sua atitude submissa. Ela simplesmente faz o que é certo diante de Deus e crê plenamente que Ele irá cuidar dela, não importam as circunstâncias. Sua submissão revela sua sabedoria. Não existe desigualdade, o ato de gentileza e cuidado para com o seu cônjuge deve ser mútuo. Seja uma mulher sábia, que edifica o lar, auxiliando seu marido a ser um grande líder, através de palavras encorajadoras e atitudes de respeito. Falo sobre isso em dois textos: As palavras podem destruir um relacionamento! e Mulheres: freio na língua!

Quer maior exemplo de submissão do que o de Jesus? Ele sendo o próprio Deus se submeteu a Deus Pai, e pela fé foi capaz de entregar-se a meros homens, enfrentando de bom grado diversas circunstâncias difíceis e além disso, nos ensinou a sermos humildes e "lavarmos os pés" uns dos outros. E este mesmo Jesus também nos ensinou o ponto em que não devemos nos submeter: quando a submissão exige que contrariemos nossa fé em Deus, e para isso, é importante conhecermos muito bem a Palavra. Como está escrito em Oséias 4.6: "O meu povo perece por falta de conhecimento!" Se qualquer autoridade nos mandar fazer algo contrário ao caráter de Deus, temos o direito e a obrigação de nos recusar a fazê-lo. Não podemos aceitar um abuso físico, sexual ou de maus tratos por conta de conceitos pervertidos de submissão.

Outro equívoco está relacionado a mulheres cujos maridos não servem ou não crêem em Deus. Isso não lhes dá o direito de não se submeterem, muito pelo contrário. A Bíblia ensina que através da nossa submissão e pelo nosso exemplo, podemos levá-los a conhecer a Deus e terem suas vidas e atitudes transformadas. Quando discordarmos de uma autoridade, seja em que aspecto for, não devemos nos rebelar, mas sim confiar a situação a Deus. Primeiro nos submetemos a Deus e depois devemos conversar com nosso cônjuge sobre o ponto em discordância, mas com muita humildade, sem explosões emocionais e sem tentar manipular os resultados. Submeter-se aos outros quando estão errados é muito difícil, mas algumas vezes é a única forma de a outra pessoa aprender o que Deus quer lhe ensinar. Iremos desenvolver a confiança em Deus a partir do momento que aprendemos a nos submeter aos outros. Não precisamos ter um líder ou um marido perfeito se temos uma perfeita confiança em Deus!

Quando algumas mulheres lêem o seguinte trecho de 1 Pedro 3: "... do mesmo modo vocês, maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres e tratem-nas com honra, como parte mais frágil e co-herdeiras do dom da graça da vida...", elas ficam furiosas: "Eu, a parte mais frágil? Que absurdo! Quanto machismo!" Vou fazer uma ilustração: Pense em dois vasos, um de porcelana e outro de bronze. Qual é o mais frágil? E qual é o mais valioso? Somos frágeis e valiosas, e assim como os homens, também somos co-herdeiras do dom da graça da vida!

É maravilhoso sentir que meu esposo tem me tratado como um vaso de porcelana, com delicadeza no falar e cuidado ao me tocar. E dessa forma, fica muito mais fácil de eu conseguir respeitá-lo. Sabe de um segredo? Se você não permitir que seu marido a trate como um vaso de porcelana, ou seja, como a parte mais frágil, estará impedindo-o de amá-la... Se seu esposo tem te tratado como vaso de bronze, faça a si mesma a seguinte pergunta: "Será então que estou agindo como tal?"


Alguns trechos foram retirados do livro Mulher Única de Edwin e Nancy Cole


quinta-feira, 19 de julho de 2012

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA: Evangélicos tentam invadir terreiro em Olinda








Centenas de evangélicos com faixas e gritando palavras de ordem realizam protesto em frente a um terreiro de matriz africana e afro-brasileira – candomblé, umbanda e jurema. As imagens poderiam ser de um filme sobre a Idade Média. No entanto, foram registradas no domingo, no Varadouro, em Olinda, Grande Recife. As cenas de intolerância religiosa circularam ontem nas redes sociais e provocaram a revolta de milhares de internautas.

As imagens foram captadas pelo filósofo e babalorixá Érico Lustosa, vizinho do terreiro alvo dos ataques. Segundo ele, por pouco os evangélicos não invadiram o espaço. “Eles gritavam ‘Sai daí, satanás’ e forçaram o portão. Foi aí que me coloquei em frente ao portão e meu filho começou a gravar. Um deles gritou para a gente tomar cuidado, que ele era evangélico mas era também um ex-matador”, relembrou.



O fato ocorreu uma semana depois que pessoas invadiram terreiros em Brejo da Madre de Deus, no Agreste, após o assassinato de uma criança, segundo a polícia, a mando de um pai de santo. Pesquisadores dizem que essas religiões não realizam sacrifício de humanos.

Com a repercussão nas redes sociais – o vídeo teve mais de 1,5 mil compartilhamentos no Facebook e cerca de 400 visualizações no YouTube em menos de 12 horas – representantes de dezenas de terreiros se reuniram, ontem à tarde, no Palácio de Iemanjá, no Alto da Sé, em Olinda.

No encontro foram discutidas propostas para coibir a intolerância religiosa. Entre elas a de ser registrado um boletim de ocorrência coletivo para denunciar o fato ocorrido no Varadouro.

O terreiro alvo dos ataques é o de Pai Jairo de Iemanjá Sabá, na Rua Manuel Souza Lopes. Vizinhos repudiaram o protesto. “Moro aqui desde criança e o pessoal do terreiro nunca trouxe problema. Sou católica, mas respeito as outras religiões. O que fizeram foi um absurdo. Por pouco não invadiram o espaço”, disse a dona de casa Cintia Gomes, 25 anos.


O secretário-executivo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial do Estado, Jorge Arruda, lamentou o fato em Olinda e afirmou que os ataques têm relação com o caso de Brejo da Madre de Deus. A igreja responsável pelo protesto não foi identificada.

Hoje haverá reunião entre representantes do Ministério Público, da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos e de terreiros. Também será lançada a cartilha Diversidade Religiosa e Direitos Humanos e debatida a intolerância contra as religiões de matriz africana e afro-brasileira em Pernambuco.





 Como seremos capazes de levar a boa nova, se estamos com as mãos cheias de pedras?

 Somos muito céleres e vigorosos na denúncia contra a intolerância  ao nosso povo, no entanto... 

Entendam: Nosso padrão é outro. Nosso Deus é Santo e o nosso IDE é a razão do nosso viver.






quarta-feira, 18 de julho de 2012

Cristãos queimados vivos na Nigéria



Os ataques a cristãos na Nigéria continuam e cada vez mais cruel. Diferentes fontes compartilharam vários relatórios sobre o número de vidas perdidas nos massacres, que vêm ocorrendo em uma base semanal nos últimos meses.

Na semana passada, o grupo extremista islâmico Boko Haram, assumiu a responsabilidade pela morte de mais de 100 pessoas em uma série de 12 aldeias. Mas um caso divulgado pela Imprensa Batista causou espanto e indignação pela sua crueldade.

A publicação confirmou que cerca de 50 membros da Igreja de Cristo na Nigéria, na aldeia de Maseh foram queimados vivos depois que eles se refugiaram na casa de seu pastor, na sequência de um ataque terrorista.

"Cinquenta por cento dos membros de nossa igreja foram mortos no edifício da igreja onde tinha ido para se refugiar. Eles foram mortos ao lado da esposa do pastor e as crianças", disse o Rev. Dachollom Datiri, vice-presidente da Igreja de Cristo na Nigéria.

"A Nigéria está realmente se tornando o novo campo de morte para os cristãos. Centenas de cristãos já foram brutalmente assassinados, incluindo mulheres e crianças, pelo Boko Haram", disse o porta-voz da Portas Abertas, EUA Jerry Dykst.

"O Boko Haram no início desta semana disse que todos os cristãos precisam voltar-se para o Islã ou eles nunca terão a paz novamente. Seu objetivo é fazer toda a Nigéria um país governado e dominado pela lei sharia".

Cidadãos da Nigéria têm criticado a resposta do governo aos ataques sequenciados, e pediram que mais seja feio para combater as atividades Boko Haram que aterrorizam as cidades.

O pastor Ayo Oritsejafor, presidente da Associação Cristã da Nigéria, afirmou que o Boko Haram é uma organização terrorista e pediu que a comunidade internacional lute contra o grupo como faz com a Al Qaeda.

“Há certos extremistas muçulmanos que acreditam que a Nigéria deve ser uma nação islâmica e o Boko Haram é o principal órgão desse grupo de pessoas (…). O país sempre teve uma população muito bem dividida entre as duas grandes religiões, Cristianismo e Islamismo, então não é possível simplesmente islamizar a Nigéria”, acrescentou o pastor.

 

 Em The Christian Post

 



terça-feira, 17 de julho de 2012

Rosane Collor e a nossa macumba gospel de cada dia.



Danilo Fernandes

No ultimo domingo assistimos a entrevista de Rosane Collor no Fantástico. Seguindo a tradição do ex-casal presidencial, foi um show de grande expectativa, conteúdo artificial, terminando em decepção, baixaria e aquela sensação desconfortável de que se participou de um grande “merchan” de um livro de fofocas travestido de reportagem investigativa.

De tudo o que foi dito, nenhuma novidade sobre um dos períodos mais negros da história do país, um passado vergonhoso que deveria estar no esgoto da história, não fosse pelo consórcio formado por uma grande quantidade de eleitores ignóbeis, um sistema eleitoral construído na medida para se aproveitar destes e impunidade generalizada: Este é o motor em “macha à ré” que nos mantem uma republiqueta, apesar da quarta colocação entre as potencias econômicas mundiais. Ou existe outra razão a justificar a reeleição de Maluf, Collor e Cia Ltda.?

Dona Rosane Collor não ofereceu, e nem oferecerá jamais, qualquer fato novo ou a confirmação de qualquer suspeita que venha a causar embaraço legal ao seu ex-marido, a ponto de que este venha a ser condenado pelos crimes que cometeu, ou presumivelmente cometeu, pois ela, Rosane, é para todos os efeitos sua cúmplice. O que Rosane fez foi uma chantagem em cadeia nacional visando créditos em uma disputa judicial de ordem financeira. Rosane repete, mais uma vez, aquele papel trágico da ex-mulher de político que na maioria das vezes é a pedra de tropeço que derruba os grandes políticos aqui no Brasil e mundo afora.

Rosane é par perfeito de Collor. Ele é filha de coronéis do interior de Alagoas e está bem ciente, useira e vezeira dos métodos que por lá se usa. Não é inocente, como atestam os escândalos que seus familiares se envolveram no passado. Já Collor, era o coronel da capital e socialite no Rio de Janeiro, pela combinação do prestigio de seu pai, a franquia da retransmissora da Globo e o seu primeiro casamento com uma locomotiva do high society carioca. Rosane pode ser tudo, menos a inocente útil que quis vender.

Novidade foi a “conversão” de Rosane e sua entrada na indústria dos testemunhos pela porta do Fantástico: Mais uma desgraceira que vai dar em escândalo e carreira politica às custas dos néscios evangélicos.



Contudo, o que chamou a minha atenção e é a motivação deste artigo é a história da ex-mãe de santo do candomblé (satanista?) que exercia grande papel na intimidade do ex-presidente, a ponto de orientar suas decisões no governo da nação. Não por sua figura em si, o Brasil daquele tempo já sabia dela. Nem tão pouco pelo fenômeno – um presidente contar com tais serviços e realizar rituais de candomblé em, sua residência oficial. Meu desejo é usar mais este exemplo para reabrir o debate acerca da mistificação na igreja evangélica.

Estadistas fortemente subjugados pelo conselho de místicos é coisa comum. Para quem conhece um pouco de história, uma pesquisa rápida no Google esclarece: Fato é que centenas de grandes governantes mundiais (e diversos de nossos presidentes) contaram com a assessoria de um consultor, guru, sacerdote, profeta, médium, tarólogo, cartomante, místico, mágico, feiticeiro, paranormal, benzedeira e assemelhados. Dentre tantos personagens bíblicos, de Reis à Czares, incluindo presidentes do século passado: Abraham Lincoln, Roosevelt, Vargas, JK, Sarney, entre muitos. O poder é uma droga viciante. Quem a  experimenta, não quer deixar. O poder inebria e é enganoso, pois é fugaz. A sucessão dos palanques, das reuniões, das bajulações sempre leva a momentos solitários, mesmo que pequenos e, nestas horas, vem a paúra da perda da vida pública, do esquecimento, da mortalidade. O mais seguro se transforma no mais inseguro, a indecisão é um assombro e, muitos dizem: o poder flui entre a maior das solidões.

É estranho pensar nisto, aqui do outro lado, na esfera dos “mortais”, fica esta sensação de imensa insegurança quando se imagina que tais “videntes” que tendo ganhado a confiança de homens poderosos, os manipulem e, por tabela alterem o nosso destino cidadão. Mas isto é muito pano para esta manga de hoje.

Voltemos a tal feiticeira alagoana. Foi muito engraçado quando esta foi nomeada pela primeira vez na entrevista e a amiga que assistia comigo ao programa disparou: - Aposto que virou pastora! Tão rápido e no exato instante em que o mesmo lampejo me ocorria. Ela só falou primeiro... Quem pode vencer as mulheres neste quesito, risos!

É obvio que ela virou pastora! E, com a mais absoluta certeza, está em uma igreja pentecostal, e lá ela é “profeta” e “adivinha”, manda recado de “Deus” aos varões e varoas à três por quatro. Seu “ministério” começou em meio a um grande mover divino, um testemunho espetacular de alguma maravilha ou livramento operado por “Deus”. Uma vida destruída, um novo nascimento, dando origem a mais uma “ungidona” para a “grória” de “Deus”.

Um testemunho de muita feitiçaria, visitas ao cemitério, possessões demoníacas e morte. Ao abandono da antiga fé, se seguem tragédias e misérias. O centro espírita, outrora poderoso, rico e frequentado pela alta sociedade faliu. As jóias, as propriedades, os carros de luxo... O diabo tomou tudo! Mas “Deus” restaurou e fez dela pastora, missionária, profeta e coisa e tal.

Não foi assim? Foi parecido. Pois está é a historia da maioria das “profetas” das igrejas evangélicas. Fato que nos leva a ponderar o seguinte:

- Uma parcela considerável de “sensitivos”, “médiuns” e similares antes ocupados em religiões de espiritas (em especial umbanda e candomblé) se viram desempregados em virtude do crescimento evangélicos, tanto mais considerando que o mesmo é acompanhado de grande manifestação de preconceito, repudio e até violência a estas religiões. Vencidos, estas pessoas debandaram para a igreja evangélica onde passaram a ter seu meio de vida.

- Parte desta gente é formada por picaretas profissionaispredisposição mística (e até necessidade existencial). Estas pessoas estarão envolvidas com religião, seja esta qual for.

A mula de Balaão fala, ele escuta. Contudo, será que Balaão vira crente mesmo?

A questão é que os dois grupos são alimentados por uma parcela dos evangélicos (e também católicos, espíritas, budistas, ocultistas, etc.) que são atraídos por misticismo, viciados em adivinhações e nutridos com engodo sensorial. A maioria é até honesta na sua fé, outros, acredito eu, até convertidos, mas que volta e meia, como infantes precisam do incentivo e da motivação de “uma palavra profética”. E, neste ponto, é preciso ter muito temor para não cometer falsos juízos. Eu mesmo já testemunhei e vivi episódios que penso serem verdadeiros, mesmo reconhecendo que são alimentos espirituais para crianças, vindos do Senhor, para aquele momento inicial da vida do crente. Por outro lado, testemunhei enormespresepadas feitas para enganar gente crédula, em geral da lavra destas “profetinhas”, ex-qualquercoisa espírita.

O resultado desta prática experimentalista, “consultiva” da “sorte tirada em páginas da Bíblia” pode ter consequências sérias. Contam-se aos milhares os decepcionados na igreja por conta de “profecias não cumpridas” e os bons e velhos chavões “faltou fé”; “Deus operou diferente; pois você estava em pecado”; e “devemos examinar tudo e reter o que é bom” só ajudam a perpetuar maus hábitos. É preciso aceitar os egressos destas religiões místicas, mas com atenção redobrada ao discipulado. É preciso vigiar para que as suas práticas antigas não sejam o fermento que estraga a nossa massa! Contudo, a falta de temor é imensa. Antes de dar a estas pessoas uma espécie de “quarentena espiritual” enquanto se cuida do discipulado intenso, o que ocorre é que após uma bela profetada acertada, o místico já está no púlpito e para além do testemunho espetacular, já segue a evacuar doutrina aos borbotões, estre relatos de viagens fantásticas ao inferno, milagres grandiosos e muito mais.

Leia mais sobre misticismo e macumba na igreja evangélica AQUI

Uma comunidade precisa de anciãos. De bons presbíteros. De uma base sólida capaz de zelar pela sã doutrina e calar os corruptores. Igreja de um pastor é porta aberta para estes salteadores.

Deus tenha piedade de nós. A igreja está cheia desta gente.




A seguir a entrevista de Rosane Collor ao Fantástico


Vinte anos depois do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo, a ex-mulher dele decide abrir o jogo sobre esse período conturbado da história do Brasil. Rosane Collor diz que o ex-marido mentiu sobre as relações dele com Paulo Cesar Farias, o PC Farias, figura que comandava um esquema de corrupção dentro do governo. Rosane conta mais: confirma que para se defender de inimigos políticos, o então presidente Collor participava de sessões de magia negra nos porões da Casa da Dinda, a residência oficial do casal em Brasília. A reportagem é de Renata Ceribelli.

Fantástico: Você tem saudade do poder?
Rosane: O poder é efêmero, o poder um dia acaba.
Em 1990, quando Fernando e Rosane Collor de Mello se tornaram o presidente e a primeira-dama mais jovens do Brasil, ele com 40 anos e ela com 26, ninguém poderia imaginar essa cena: a Rosane, que chamava atenção pelas roupas caras e extravagantes, passando sempre a imagem de mulher poderosa, hoje se senta com a Bíblia entre as mãos em cultos evangélicos para pedir ajuda e dar testemunhos como esse:
Rosane: E olha que eu tive muitos momentos em que eu disse: ‘Jesus, me leva, aqui nessa terra eu não quero ficar mais’.

Fernando Collor e Rosane ficaram casados por 22 anos. Há sete anos se separaram. Agora brigam na Justiça em um processo litigioso.

Nesta entrevista, Rosane fala pela primeira vez sobre o que viu e viveu na presidência do ex-marido, hoje senador. São revelações inéditas, que confirmam boa parte do que Pedro Collor, irmão já falecido do ex-presidente, disse há 20 anos, detonando o processo de impeachment, o afastamento de Fernando Collor do poder.
 
A versão de Rosane estará também num livro que ela escreve com o jornalista Fábio Fabretti.

"Eu me considero um arquivo vivo. E eu digo em todas as entrevistas, e inclusive já disse na Justiça, que se algo acontecer na minha vida, o responsável maior será Fernando Collor de Mello”, diz a ex-primeira-dama.

Rosane conta que chegou a ser ameaçada ao decidir ir à casa de uma pastora chamada Maria Cecília, da Igreja Resgatando Vidas para Deus. Cecília era amiga do casal Collor, e antes de se converter à Igreja, se dedicava ao que Rosane chama de magia negra. Nesse encontro, a pastora distribuiu uma gravação em que revelava trabalhos de magia feitos por encomenda do ex-presidente na Casa da Dinda, a mansão da família Collor em Brasília. Revelações que Rosane confirmará nessa entrevista.

Rosane: Eu recebi um telefonema dizendo que eu não fosse a esse evento porque, se eu fosse, eu iria, mas eu não voltaria. E eu repreendi, disse que não tinha medo.
Fantástico: E você acha que foi ele? Ou foi ele que te ameaçou?
Rosane: Foi ele que ameaçou.
Fantástico: Ele te ligou e pessoalmente te disse isso?
Rosane: Um telefonema anônimo. Eu não sei se era ele que estava no telefone. Eu sei que eram pessoas que falavam dizendo que ele tinha mandado ligar, dizendo que eu não fosse para aquele culto, porque se eu fosse eu não voltaria.

Para entender as acusações de Rosane Collor de Mello contra o ex-marido, é preciso relembrar um dos momentos mais dramáticos da história do país.

O ano é 1989. O Brasil está eufórico por votar para presidente da República depois de 29 anos sem eleições diretas.

Fernando Collor se lança candidato como o defensor dos humildes, o caçador de marajás, como eram conhecidos os funcionários públicos que recebiam supersalários.

“Vamos fazer do nosso voto a nossa arma, para retirar do Palácio do Planalto os maiores marajás desse país”, disse em discurso na época.

A estratégia funcionou. Collor venceu com 35 milhões de votos. Lula ficou em segundo, com 31 milhões.

O novo presidente assumiu em 15 de março de 1990. Pouco tempo depois da posse, começaram a circular as primeiras denúncias de corrupção envolvendo o nome do tesoureiro da campanha, Paulo César Farias. PC, como ficou conhecido, era acusado de pedir dinheiro a empresários em troca de privilégios no governo.

“Toda e qualquer denúncia tem que ser exemplarmente apurada”, declarou Collor, em 1991.

Em maio de 1992, estoura a bomba: em entrevista à revista Veja, o próprio irmão do presidente, Pedro Collor, afirma que PC Farias era testa-de-ferro de Fernando Collor. O presidente, segundo as declarações do irmão, sabia das atividades criminosas de seu ex-tesoureiro.

>> RITUAIS DE MAGIA NEGRA

Dez meses depois, Pedro vai além. Em entrevista ao Jornal do Brasil, diz que Collor e Rosane faziam o que ele, Pedro, chamou de rituais de magia negra. E na própria Casa da Dinda, que era a mansão da família Collor, em Brasília.

Hoje, Rosane conta detalhes sobre esses rituais. E relata como foi o encontro com Maria Cecília, no dia em que teria sido ameaçada por telefone.

Rosane: Já tem bastante tempo que ela aceitou Jesus, ela hoje é pastora, e ela estava fazendo lançamento de um novo CD, onde ela contava todas as experiências.
Fantástico: Inclusive os rituais de magia negra que aconteciam.
Rosane: Inclusive os rituais de magia negra que eles faziam, mas não com a minha participação, porque algumas coisas eu participei, mas a grande maioria eu não aceitava participar.

Nesse CD a que Rosane se refere, Maria Cecília relata duas fases desse trabalho com Fernando Collor. Uma para ele chegar à Presidência: “Foi um trabalho muito sério. Foi um trabalho muito imundo, podre, nojento, para que se colocasse ali, na Presidência da República, aquele homem para administrar o Brasil”.

Outra, com ele já presidente, nos porões da Casa da Dinda. Nesse trecho, Maria Cecília fala dela mesma como se falasse de outra pessoa: “E ela teve que ir para Brasília, improvisar na Casa da Dinda, lá nos porões da Casa da Dinda, um lugar que fosse para o atendimento do marido e da esposa que estavam na Presidência da República. E ela deu continuidade àquele trabalho por um longo tempo”.


Depois, Cecília confirmaria numa entrevista à revista Época a realização desses rituais.
Fantástico: Nesse livro, você vai contar justamente sobre esses rituais que ele não gostaria que fossem contados.
Rosane: Com certeza.
Fantástico: Que rituais são esses?
Rosane: Trabalhos em cemitérios, trabalhos muito fortes.
Fantástico: E com animais, o que acontecia?
Rosane: Com animais era matança mesmo. Mata galinhas, mata boi, vaca. São animais que são sacrificados.

Uma imagem mostra a proximidade de Maria Cecília com Fernando Collor: em 1991, ela sobe a rampa ao lado do presidente, e trocando sorrisos. A cor branca do terno teria sido uma orientação de Cecília.

Também por orientação dela, segundo Rosane, Collor fazia rituais com a intenção de se proteger de inimigos políticos. Tentando fazer com que fossem atingidos pelo mal que desejassem contra ele.

Rosane: O Fernando fez ritual de ficar isolado, na Casa da Dinda ele ficou. Tem um porão e ele ficou durante três dias isolado mesmo, como se fosse se consagrando.
Fantástico: Com animal morto?
Rosane: Mas não no mesmo local. Dormindo numa esteira, ficando ali vestido com roupa branca.
Fantástico: E ele fazia isso pedindo o quê?
Rosane: Porque ele acreditava que pessoas que desejavam mal pra ele, fazendo isso, o mal que as pessoas mandavam pra ele voltava.

Fantástico: Durante quanto tempo vocês fizeram esse tipo de ritual?
Rosane: Quando eu conheci o Fernando ele já frequentava esses ambientes. Enquanto a gente esteve casado, ele praticava.

Rosane afirma acreditar que esses rituais deram origem ao que ela chama de "Maldição do Collor", e que ela e Maria Cecília só escaparam por terem aceitado Jesus.

Rosane: Eu e a Cecília somos duas pessoas que estamos vivas. Eu não acredito em coincidência, eu acredito em ‘jesuscidência’. E somos duas pessoas que estamos vivas por ter aceitado Jesus.
Fantástico: O que você chama de "Maldição do Collor"?
Rosane: De as pessoas que tentaram prejudicá-lo. Vários exemplos morreram de morte estranha. Eu acredito na maldição, de aquilo que quando você deseja o mal para alguém, isso pode acontecer.
Fantástico: Quantas pessoas morreram de maneira estranha?
Rosane: Eu não sei quantas pessoas foram.
Fantástico: Quais foram as que você atribui à maldição? A mulher do PC Farias?
Rosane: É que era uma pessoa que não tinha muito carinho pelo Fernando. Ela não gostava do Fernando. Agora jamais vou afirmar que o Fernando fez algum trabalho para que ela fosse morta.

Pedro Collor morreria em 1994, vítima de um câncer no cérebro. Dois anos antes, as denúncias feitas por ele na revista Veja provocaram a criação de uma CPI, e Collor tentou uma cartada: ele pediu o apoio popular.

“Que saiam no próximo domingo de casa com alguma peça de roupa com uma das cores da nossa bandeira! Que exponham nas janelas! Que exponham nas suas janelas toalhas, panos, o que tiver nas cores da nossa bandeira. Porque assim, no próximo domingo, nós estaremos mostrando onde está a verdadeira maioria”, pediu Collor, em 14 de agosto de 1992.

Dois dias depois da conclamação, em vez de usar verde e amarelo, milhares de jovens que ficariam conhecidos como caras-pintadas vão para as ruas vestindo preto. E pedem o afastamento do presidente.

>> RELAÇÃO DE FERNANDO COLLOR COM PC FARIAS

Em junho, Collor tinha feito um pronunciamento em rede nacional negando que mantivesse contato com PC Farias. “Há cerca de dois anos não encontro o senhor Paulo César Farias, nem falo com ele. Mente quem afirma o contrário”, disse em 20 de junho de 1992.

Hoje, Rosane, pela primeira vez, desmente o ex-marido. E diz que, por isso, Collor tem medo do livro que ela está escrevendo:

Fantástico: Quem você acha que está temendo hoje pelo lançamento do seu livro?
Rosane: Eu prefiro acreditar que tem pessoas que estão receosas.
Fantástico: Quem?
Rosane: O próprio Fernando, né? Porque eu acredito que eu vou contar coisas que ele não gostaria de ser contada.
Fantástico: Por exemplo?
Rosane: Vou dar um exemplo forte. O PC continuava, ele tomava café da manhã na Casa da Dinda. E ele disse que não, e acontecia. Uma vez por semana, ele tomava café na Casa da Dinda com Fernando, presidente da República. Agora, depois que começaram a sair as notícias ruins, aí ele nunca mais foi tomar café na nossa casa. Até porque o PC era tesoureiro do Fernando na época da campanha. Ele é quem fez toda a arrecadação, isso todo mundo sabe.
Fantástico: E depois da campanha, depois de eleito, qual era a relação de Fernando Collor de Mello com PC Farias?
Rosane: De amizade, eles eram amigos.
Fantástico: Mas no governo?
Rosane: Eu acredito que ele tinha influência. Eu acredito não, eu tenho certeza absoluta que o PC teve influência no governo. Tanto que ele tinha irmão que foi ser da Saúde.
Fantástico: Mas o Fernando Collor de Mello negou essa informação na época, dizendo que ele não tinha contato com o PC Farias. Por que ele negou?
Rosane: Não sei por que ele negou.
Fantástico: Você perguntou para ele?
Rosane: Perguntei, ele falou que preferia que fosse assim.
Fantástico: Quem tinha mais influência sobre Fernando Collor de Mello. Rosane Collor ou PC Farias?
Rosane: Nossa, eu acredito que o PC Farias.

Rosane lembra que em 1993, quando foi decretada a prisão de PC Farias, a mulher dele, Elma, saiu em defesa do marido: “O Paulo César não agiu sozinho, ele teve alguém que mandou. O chefe maior foi quem mandou ele fazer isso.”, disse na época.

Fantástico: E o chefe era o Fernando Collor?
Rosane: Eu acredito que, quando ela falou nessa entrevista, eu acredito que ela tenha falado do Fernando.

Rosane revela que, quando foi presidente da Legião Brasileira de Assistência (LBA), teve problemas com PC Farias.

Rosane: Uma certa manhã, nós estávamos tomando café da manhã na Casa da Dinda, eu era presidente da LBA de fato, e no café da manhã, eu fui conversar com o Fernando e o PC estava lá, e eu disse que eu não gostaria que o PC viesse interferir na LBA.
Fantástico: Que tipo de interferência ele queria fazer?
Rosane: Colocando muitas pessoas para trabalhar em cargos importantes.
Fantástico: Pessoas dele?
Rosane: Pessoas ligadas a ele. Eu disse que eu não ia permitir.
Fantástico: Isso coincidiu com a primeira crise do casal, no final de 1991?
Rosane: Exatamente. Foi aí a grande crise que nós tivemos no casamento.

Fernando Collor não se preocupou em esconder que durante o período de crise no casamento andava sem a aliança.

Rosane revela como o presidente e a primeira-dama mais jovens da história eram assediados nos salões da política.

>> PRESENTES PARA A PRIMEIRA-DAMA

Fantástico: Vocês eram um casal jovem, bonito. Tinha muito assédio sobre vocês?
Rosane: Com certeza. Eu acredito que de ambas as partes.
Fantástico: Muita mulher dando em cima do Fernando Collor?
Rosane: Muitas mulheres.
Fantástico: Muito homens dando em cima de você também?
Rosane: Com certeza. Isso é natural. Até pelo fato de a primeira-dama ser jovem, até pelo fato do presidente ser jovem, ter 40 anos de idade.
Fantástico: Você, como primeira-dama, foi assediada?
Rosane: É normal. As pessoas olham, se encantam.
Fantástico: Foi cantada?
Rosane: Não sei se cantada, mas palavras mais gentis.
Fantástico: Presentes?
Rosane: É, ganhei. Presente de joias, e eu entregava pra ele. Para saber o que eu fazia.
Fantástico: Homens te mandando joias de presente?
Rosane: É, de presente. Dava presente. Dizia: 'era presente para a primeira-dama'. Normal.

Mais tarde, a própria Rosane foi afastada da presidência da LBA, sob acusações de desvio de verbas.

Rosane: Em relação a isso eu não faço mais nenhum comentário, porque o Supremo Tribunal Federal me deu ganho de causa por unanimidade.

PC Farias foi preso em 1993, e em 1996, quando estava em liberdade condicional, foi encontrado morto em Maceió. A polícia concluiu que PC foi morto pela namorada, que se suicidou em seguida, mas o crime nunca foi completamente desvendado.

Fantástico: Onde você e o Collor estavam quando o PC Farias morreu?
Rosane: Nós estávamos no Taiti.
Fantástico: Como que vocês receberam essa notícia?
Rosane: Ele ficou preocupado. Agradeceu por não estar lá, porque poderia passar na cabeça das pessoas que ele poderia estar envolvido.
Fantástico: Você achou?
Rosane: Não, em nenhum momento. Como acredito que ele não está envolvido na morte do PC.

>> IMPEACHMENT DE FERNANDO COLLOR

O momento decisivo da carreira política de Fernando Collor de Mello aconteceu no dia 24 de agosto de 1992. A CPI encarregada de investigar as denúncias contra o presidente concluiu: “Os documentos apresentados hoje pela Comissão Parlamentar de Inquérito apontam as ligações do presidente Collor e de sua família com o chamado esquema PC”, noticiou o Jornal Nacional em 24 de agosto de 1992.

Os documentos registram uma reforma de US$ 2,5 milhões na Casa da Dinda, a mansão da família Collor, em Brasília; a compra de um carro Fiat Elba; e despesas pessoais, tudo pago por cheques de fantasmas, ou seja, de pessoas fictícias, inventadas, o que caracteriza crime contra a probidade na administração, um crime de responsabilidade, cuja pena é a perda do cargo. A votação do relatório pelo plenário da Câmara aconteceu no dia 29 de setembro de 1992.

Fantástico: O momento do impeachment. O momento da votação. Onde você estava?
Rosane: Nossa, foi muito tenso. Eu ia ficar com ele, eu queria assistir lá na presidência, no Planalto. Mas ele falou que não queria. Que ele queria assistir sozinho. Em cada minuto, cada voto que era dado, ele ligava pra mim. Aí no momento que ele viu que não tinha mais jeito, que realmente o impeachment ia acontecer, ele realmente ficou desesperado.

Fantástico: Quando vocês se encontraram depois disso, o que ele te falou?
Rosane: Só nos abraçamos. Quando ele chegou em casa, nos abraçamos, eu tentei acalmá-lo, tranquilizá-lo e dizer: ‘Vai passar, eu estou aqui contigo, eu vou estar sempre do teu lado’.

Em entrevista ao repórter Geneton Moraes Neto, no Fantástico, Fernando Collor admitiu que pensou no pior, no suicídio.

Rosane lembra que nesse momento ficou apavorada.

Rosane: Eu procurei tirar as armas que tinham dentro de casa, eu tirei. Até por precaução, porque num momento de desespero a pessoa pode fazer. Então eu tentei durante muito tempo. Eu comecei a ter problema de insônia, porque eu já não conseguia dormir. Eu ficava angustiada, achando que ele era capaz de fazer alguma coisa. Então qualquer movimento dele, nos primeiros dias, se ele levantasse da cama, eu estava com o sono tão leve, era uma coisa impressionante, era tão leve meu sono que ele levantava e eu já acordava. Podia ser o que fosse, eu acho que nem dormia.
Fantástico: Ele ia para o banheiro...
Rosane: Ele ia para o banheiro, eu já acordava e corria atrás dele. Ele dizia: "Calma, Quinha, eu estou no banheiro". Eu achava que, não sei, que ele pudesse cometer, porque foi tudo muito rápido, foi uma coisa muito rápida...
Fantástico: Cometer suicídio?
Rosane: Eu achei que ele pudesse cometer.

Aprovado na Câmara, o pedido de impeachment seguiu para o Senado já no dia seguinte, sendo também aprovado e dando início ao julgamento de Collor, que deveria estar concluído em até 180 dias. Até lá, Collor ficaria afastado da presidência temporariamente, sendo substituído pelo vice Itamar Franco, o que, seguindo os trâmites oficiais, só aconteceu em 2 de outubro de 1992. Foi o dia em que Collor desceu a rampa do Palácio do Planalto pela última vez.

Rosane: Então, naquele momento, quando ele assinou, ele estava muito triste, ele estava muito abatido, ele estava muito magro. Estava depressivo, já não conseguia se alimentar direito. E naquele momento, quando ele assinou e nós fomos descer a rampa e ele quis baixar a cabeça, eu segurei na mão dele, e disse: ‘Vamos, levanta a cabeça, vamos em frente que a gente vai conseguir’.

Em 29 de dezembro, o Senado se reúne sob o comando do então presidente do Supremo Tribunal Federal, Sidney Sanches, para julgar se Fernando Collor era mesmo culpado pelo crime de responsabilidade, apontado pela Câmara. Se condenado, Collor continuaria afastado, não voltaria à Presidência e ficaria inelegível por oito anos. Para escapar dessa punição e garantir seus direitos políticos, ele tenta uma manobra de última hora: renuncia à Presidência. Mas a tentativa não dá certo. Resultado: Fernando Collor é finalmente condenado.

Na esfera criminal, dois anos depois, Collor enfrentou no STF a acusação de corrupção passiva. Alegou que as despesas apontadas pela Câmara foram pagas com sobras do dinheiro da campanha de 1989 e com um suposto empréstimo feito no Uruguai. Collor alegou também desconhecer que suas contas eram pagas por meio de cheques de fantasmas. Para condená-lo por corrupção passiva, era necessário que a procuradoria provasse que Collor recebeu dinheiro em troca de favores e serviços prestados a corruptores. Mas, no entendimento do STF, a procuradoria não conseguiu nenhum documento que provasse isso de forma inequívoca. Por essa razão, por cinco votos a três, o Supremo absolveu Collor da acusação de corrupção passiva.

Hoje, Rosane faz uma avaliação sobre o passado.

Fantástico: Você estava preparada para tanto poder?
Rosane: Ah, não, de jeito nenhum, acho que a gente não estava preparado.
Fantástico: Você se deslumbrou?
Rosane: Eu acho que todo mundo se deslumbra. Eu acho que chega o momento que a gente vê. Eu chegava e estava ao lado da princesa Diana. Eu estava jantando com a princesa Diana.

Collor voltou à política em 2002 e perdeu a eleição para o governo de Alagoas. Em 2006, foi eleito senador pelo mesmo estado. A separação de Rosane e Fernando Collor tinha ocorrido um ano antes, em 2005.

Fantástico: Essa casa onde você vive é de quem?
Rosane: Essa casa, hoje ela está, ele colocou porque ele tem um débito comigo na pensão alimentícia.

Segundo Rosane, a dívida de Collor é de R$ 950 mil. Ela briga na Justiça para ter acesso a parte dos bens que o ex-marido acumulou na vida pública. Os dois eram casados em regime de separação de bens. Quando casou, Rosane tinha 19 anos.

Fantástico: Vocês se casaram em que regime?
Rosane: Antes, em separação de bens total. Eu não sabia, eu achava que tinha sido parcial. Eu achava que aquilo que ele tinha antes era dele. E aquilo que a gente construísse seria nosso. Mas infelizmente, pela minha imaturidade, eu assinei um documento que eu não sabia o que estava fazendo.

>> PENSÃO DE R$ 18 MIL

Fantástico: Você pode dizer de quanto é sua pensão hoje?
Rosane: É de R$ 18 mil. É a pensão que eu recebo.
Fantástico: E você acha pouco?
Rosane: Pela vida que ele tem, sim. Eu vejo amigas minhas que se separaram. Tenho um caso de uma amiga minha que se separou, o marido não é ex-presidente, não é senador da República, e tem uma pensão de quase R$ 40 mil.
Fantástico: E você, o que sente por ele?
Rosane: É aquilo que eu digo: o Fernando foi o grande amor da minha vida, mas também foi minha grande decepção.

Durante duas semanas, nós tentamos ouvir o senador Fernando Collor sobre as declarações da ex-mulher, Rosane. No último contato, o ex-presidente respondeu que não falaria "nem um minuto, nem meio minuto" sobre as revelações da ex-primeira-dama.

Procuramos também a pastora Maria Cecília, mas ela não quis receber a nossos repórteres. Disse apenas que considera os rituais na Casa da Dinda assunto encerrado. 




sábado, 14 de julho de 2012

Silas Malafaia fará campanha para Eduardo Paes, o prefeito da festa gay








Segundo informações da coluna Radar da Veja - Lauro Jardim - está acertado o apoio de Silas Malafaia ao candidato Eduardo Paes à reeleição na prefeitura do Rio de Janeiro.
O que a maioria do povo evangélico não entende é como Silas Malafaia, que hoje sustenta cambaleante uma imagem muito prejudicada na igreja diante das críticas recebidas por sua adesão à teologia da prosperidade tão somente por sua atuação na defesa dos valores da família e no embate contra o ativismo gay, decide apoiar um prefeito que, em seu mandato atual, é o maior incentivador e apoiador do movimento gay? Devemos esquecer que Eduardo Paes é o responsável pelo vídeo abaixo, no qual a cidade do Rio de Janeiro é vendida como um paraíso do turismo sexual gay?



O esforço de Paes na promoção do turismo sexual gay é tamanho que a cidade vem sendo eleita desde 2011 o destino gay mundial, como mostra a reportagem abaixo, quando a cidade ganhou pela primeira vez o título "honroso"de capital gay do planeta. 






Tendo acertado a sua participação nos vídeos da campanha de Eduardo Paes, onde Silas Malafaia aparecerá juntamente com o seu candidato a vereador Alexandre Isquierdo, que é apoiado pela Assembleia de Deus, fica a pergunta: 

(1) Malafaia irá aparecer também nos vídeos de turismo gay do prefeito agarrado a um dos lindos bofes acima? Ou vai fechar os olhos de lobo e os ouvidos mouros mais uma vez, segundo a sua conveniência?


Quando o prefeito colocou o cacique cobra coral na folha de pagamento do municipio - aquela entidade da umbanda que impede as chuvas nos eventos da cidade - os evangélicos gritaram. E Silas o que fez?





O povo evangélico precisa acordar e enxergar esta malandragem de Silas Malafaia!

Querem saber a verdadeira razão do apoio de Silas Malafaia a Eduardo Paes? O prefeito que acende duas velas pra o diabo e uma pra o santo do pau oco?


Cabral, Paes e Malafaia juntos na campanha de fazer do Rio a capital gay do planeta?

Simples: 


(1) Eduardo Paes foi o responsável pelo financiamento da última Marcha para Jesus no Rio de Janeiro. A primeira e única até a presente data a receber apoio oficial. Eduardo Paes montou palanque para Silas na marcha e aplaudiu o seu discurso para "crente ver".


(2) Paes irá se empenhar na candidatura à vereador de Alexandre Isquierdo, amigo de Silas Malafaia e, para quem, o pastor tem planos políticos futuros.

(3) E se ainda não bastou, há o fato mais do que conhecido: Eduardo Paes é o candidato queridinho da GLOBO e Silas Malafaia, bem... 








Genizah


quinta-feira, 12 de julho de 2012

Desigrejados consomem mais livros evangélicos




Recente pesquisa ad hoc sobre hábitos de leitura encomendada ao BEPEC por proeminente editora brasileira oferece dados inéditos sobre evangélicos sem vinculo institucional.


J. Bertonne








Segundo a pesquisa, os desigrejados são o grupo de evangélicos que declararam comprar mais livros por ano, adquirindo quase 45% mais livros por ano do que a média dos evangélicos com vínculo denominacional.

Já em relação ao tipo de envolvimento com a igreja, os pastores são o grupo de respondentes  apresentando a maior média de livros comprados por ano, mas ainda um pouco abaixo da média dos evangélicos "sem vínculo".
Os desigrejados são também o grupo com a maior média de participação em eventos não denominacionais, tais como: congressos, encontros, jornadas, seminários, etc.

Segundo o diretor do BEPEC, Danilo Fernandes, estas observações revelam o interesse deste grupo na manutenção de vínculos de comunhão, ainda que alternativos: “Está claríssimo que o desigrejado se mantem no alvo e busca conhecimento da Palavra. Seja qual for a razão que o afastou da comunhão tradicional, “decepção” com líderes e/ou doutrinas, ou qualquer outra razão, o desigrejado é um interessado pelo conhecimento das Escrituras e o aprimoramento teológico, o que é bem mais do que se pode dizer da maioria”, alfineta Fernandes.


A seguir, alguns highlights da pesquisa: 


  • O tempo médio de Evangelho (conversão) do desigrejado é de 5,6 anos – não são novos na fé, portanto.
  • 63% dos respondentes declarou que voltaria a ter comunhão, caso encontrasse uma comunidade saudável – segundo a sua percepção – e que não apresentasse os vícios e as malversações que os afastaram da comunhão.
  • 62% são egressos de denominações neopentecostais com teologia atrelada à confissão positiva.
  • 5.3% afirmam que foram em algum momento “disciplinados”. Destes, 72% informam que isto se ocorreu na ultima instituição em que estiveram vinculados.
  • 29% informa não pretender vinculo com outra igreja novamente. 62% declara acreditar na possibilidade de um novo vinculo e 9% não sabem (ou não quiseram responder).
    • 29% do total de desigrejados informa estar mais propenso a vir participar do movimento de igrejas em casa ou de algum tipo de comunidade alternativa.
    • 33% informa estar mais propenso a se vincular a outra comunidade tradicional.
    • 12% dos respondentes declarou visitar outras comunidades ocasionalmente em busca de um local para congregar.

    A pesquisa foi realizada por meios digitais utilizando a mesma ferramenta - AKNA SURVEY - em uso pelo IBOPE e outras grandes empresas. A investigação fez uso do cadastro do BEPEC com 1,8 milhão de evangélicos cadastrados. A metodologia empregou amostragem estratificada proporcional, segundo a participação dos grandes grupos da população evangélica na população brasileira (pentecostais, reformados e tradicionais e neopentecostais). Os respondentes totalizaram 1062 por grupo.

    Sendo uma pesquisa ad hoc, os dados completos não estão disponíveis para o público. A divulgação deste resumo foi autorizada pelo contratante para a apresentação, em primeira mão, no evento global do Tribal Generation 2012 pelo diretor do BEPEC, Danilo Fernandes.






    quinta-feira, 5 de julho de 2012

    O evangélico e o alcool





    Matéria de capa
    Por Danilo Fernandes


    Você, leitor cristão, imagine-se na seguinte situação: depois de uma abençoada reunião de oração e estudo da Palavra de Deus, é hora daquela gostosa comunhão regada a comes e bebes. Ato contínuo, o dono da casa abre uma garrafa de vinho e oferece a bebida aos presentes. Se você acha que se sentiria constrangido e inseguro entre aceitar e ser criticado pelos outros ou recusar e perceber, meio sem graça, que todos provaram da bebida, saiba que não está sozinho. A maioria dos evangélicos já passou por situação semelhante, se não na casa de irmãos na fé, no ambiente de trabalho ou no lazer com amigos. Consumir álcool, para os crentes brasileiros, é mesmo como um tabu, e até aqueles que são membros de denominações ou grupos cristãos mais liberais em relação ao assunto têm certa preocupação em serem vistos com o copo na mão.

    Vinho: Entre as bençãos da Terra Prometida
    O que a maioria dos evangélicos brasileiros desconhece é que esta visão estigmatizada acerca do álcool é coisa muito recente na história da Igreja. Ao longo de quase 2 mil anos de cristandade, prevaleceu a noção de que a bebida, em si, é neutra, uma dádiva do Senhor que traz alegria – sendo o seu consumo excessivo, ou embriaguez, esta sim, pecaminosa. De fato, muitos crentes se escandalizariam ao descobrir que, na galeria dos heróis da fé protestante, homens e mulheres de Deus consumiam bebida alcoólica, e ficariam surpresos por saber que certos segmentos da Igreja, em nome do abstencionismo, alteraram até mesmo um dos ritos mais importantes, ao lado do batismo: a celebração da eucaristia. O detalhe é que o vinho é mencionado reiteradamente nas Escrituras, tanto no sentido literal como por expressão poética. E o produto da uva era parte fundamental da cultura, da religiosidade e da economia do povo hebreu, desde sua origem. 

    Em relação ao álcool, os cristãos se dividem basicamente em três correntes: os abstêmios, que optam por beber eventualmente, mas não combatem quem pensa diferente; os temperantes – ou moderacionistas, que assumem beber em determinadas circunstâncias e com moderação –; e os proibicionistas, que advogam a condenação total ao ato de beber álcool. Por aí, já se tem uma noção do tamanho do problema.

    Com ascendência religiosa ligada ao arminianismo das tradições batistas do sul dos Estados Unidos e ao pentecostalismo clássico, o movimento evangélico brasileiro tende historicamente à rejeição total ao álcool, posição que, no entanto, tem tantas motivações culturais quanto espirituais. E a prática evangelística dominante no país, muito pautada na oposição ao catolicismo, faz com que a maioria dos evangélicos brasileiros se surpreenda ao descobrir diferenças culturais marcantes entre eles e os cristãos de outros povos, em especial os europeus. De fato, na Europa, até mesmo os pentecostais não costumam ter qualquer pudor diante de um canecão de vinho ou de uma reluzente tulipa de cerveja.

    A enfoque cristão da bebida está relacionado a cultura dos missionários.
    “Depois de ter vivido em diversos países, tenho percebido que a questão da bebida está mesmo muito ligada à cultura dos missionários que chegaram a cada região”, confirma o bispo Josep Rossello Ferrer, moderador da Igreja Anglicana Reformada no Brasil. No Velho Mundo, os cristãos veem o ato de beber com maior normalidade que os americanos, por exemplo – por isso, muitas práticas na Igreja brasileira de hoje são frutos de ideias religiosas oriundas dos Estados Unidos, o que explica porque as denominações surgidas do esforço missionário americano do século 19 (batistas e presbiterianos, por exemplo), guardem em sua memória a visão abstencionista.

    Líder de uma comunidade anglicana em Pindamonhangaba (SP), Ferrer, que é espanhol, observa que sua organização religiosa não tem uma posição oficial sobre o assunto. “Entendemos que a decisão de beber ou não é uma questão de liberdade cristã. Alguns irmãos podem usar álcool sem nenhum problema de consciência, enquanto outros entendem que isso seria pecado”. Por isso, o sacerdote faz questão de não tratar o assunto como dogma. “Não se pode afirmar que a Bíblia condena a bebida. Encontramos nas Escrituras avisos claros contra o estado de embriaguez, que leva à perda do controle dos sentidos, mas não vemos nenhuma restrição ao consumo moderado.”

    MODERAÇÃO SEM CONDENAÇÃO

    Tal visão encontra reflexo na opinião de muitos crentes. Para o fotógrafo e missionário Duda Ferreira, 39 anos, de tradição batista (é neto de pastor) e hoje ligado à Igreja Bola de Neve, o episódio bíblico em que Cristo transforma água em vinho é emblemático: “É interessante constatar que tendo Jesus, juntamente com seus discípulos, sido acusado pelos fariseus de negligenciar os rituais de apropriados de limpeza antecedentes às refeições (Mateus 15:2) tenha usado exatamente desta água de purificação (João 2:6) para transformar em vinho nas bodas de Caná. Acho que havia uma lição extra neste episódio.” Recentemente retornado do Havaí (EUA), onde praticava surfe e liderava uma célula de crentes, ele observa que a questão cultural não pode mesmo ser deixada de lado na análise da questão, mas recomenda cuidado. 

    O missionário Duda (com sua célula de surfistas) diz que o episódio da transformação de água em vinho é emblemático.

    “No exterior, convivi muito com cristãos que consumiam álcool com moderação, da mesma maneira como presenciei pessoas estragando suas vidas com bebida”. Para Duda, o potencial destrutivo do álcool explica porque mesmo o uso moderado do vinho seja um escândalo para crentes brasileiros. “O choque cultural é real. Lembro-me de ter recebido, na minha célula aqui no Brasil, um casal francês que trouxe uma garrafa de vinho para a Ceia. Houve constrangimento entre os presentes. Eu acho que não faria qualquer diferença, mas, naquele contexto, o incômodo dos irmãos foi, por si só, razão para manter a garrafa fechada.”

    “O tema sempre será delicado, e por isso devemos tratá-lo biblicamente, mas nunca na base do ‘pode ou não pode’”, opina, por sua vez, Hernandes Dias Lopes, pastor e escritor de confissão presbiteriana. “Este é um caminho que pode construir uma ética farisaica e uma espiritualidade rasa”. Para Hernandes, há uma dificuldade bíblica de se fazer uma defesa radical pela abstinência, de maneira que a questão deve ser ponderada. Ele lembra que a ética cristã não se baseia somente no direito ou na consciência de cada um, mas no direito do outro e no amor ao próximo. “Dessa maneira, não se pode fechar os olhos para a realidade de tantas tragédias pessoais decorrentes da bebida e das perspectivas da juventude brasileira, que está sendo consumida pelo álcool”. 

    Os perigos do alcóol são destacados por Hernandes: "Se beber pouco ou muito escandaliza meu irmão, devo abster-me"

    Hernandes alerta que as igrejas nem precisam olhar para fora para constatar a imprudência no consumo do álcool, mas atentar para a secularização vista nas congregações hoje: “Tenho ido a casamentos de crentes a cujas cerimônias seguem-se festas suntuosas regadas a todo tipo de bebida. O que se passa é que, no fim da festa, se vê cristãos saindo destes repastos com as pernas bambas” . Se beber pouco ou muito é motivo de escândalo para um irmão, acrescenta Hernandes, “então eu devo abster-me de beber”. Princípio, segundo ele, que deve nortear de resto qualquer atitude do crente.

    Pensar que o álcool é intricadamente ruim é atribuir mal a Deus, que o fez”, avalia o pastor episcopal Carlos Moreira, 46 anos, de Recife (PE). “Deus é santo, e em Salmos 104.15 aprendemos que ele fez o vinho, que alegra o coração do homem, assim como o azeite que faz reluzir o seu rosto e o pão, que lhe fortalece”.

    Moreira: “Não me parece que Jesus se importasse em escandalizar fariseus”
    Defensor da moderação, Moreira conta que certa vez foi flagrado por um membro de sua paróquia enquanto consumia cerveja em um restaurante. “Com tom condenatório, aquela pessoa perguntou-me como eu podia estar bebendo”. A resposta, simples e até bem humorada – “Minha irmã, não quero e nem posso ser melhor do que Jesus” –, expressa sua preocupação com o legalismo. “O legalista não está satisfeito com os padrões da justiça de Deus. Ele arrogantemente pensa que pode fazer melhor que o Senhor – legisla ele mesmo, segundo as suas próprias aspirações religiosas. Assim, proíbe o que Deus permite e, como resultado, muitas vezes permite que Deus proíbe.”

    Carlos Moreira reconhece a gravidade do problema do alcoolismo e afirma que nenhum cristão, em sã consciência, deve oferecer motivo de tropeço a um irmão sob o jugo desta doença. “Contudo”, pondera, “essa lógica de que devemos eliminar alguma coisa por completo de nossas vidas porque há quem abuse da liberdade de usá-la não me parece uma atitude compatível com a nossa liberdade cristã e com o exercício de maturidade que esta envolve”. O pastor lembra que o reformador Martinho Lutero resumiu esta perversão que força uma religiosidade vazia com um comentário provocativo: “Ora, os homens são levados ao erro por conta de mulheres e bebidas. Deveríamos nós abolir as mulheres?”, cita.

    Para Moreira, a ética cristã não possibilita que se traga escândalo ao irmão, o que é um conceito aplicável a situações específicas – “Caso de um crente novo na fé, por exemplo” –, não uma regra geral: “Considere o caso de Jesus, nosso padrão de santidade perfeita, que consumia vinho com os seus apóstolos com regularidade e sem fazer nenhum segredo disso”. A quem estranhar tal afirmação, o pastor explica que a própria Bíblia registra que o Filho de Deus foi caluniado pelos fariseus por não seguir o seu rigor ascético, entre outros aspectos, por se dar ao excesso de bebida e comida. “Não me parece que Jesus se importasse em escandalizar fariseus”, conclui.

    “BÊBADO É DO DIABO”

    A questão da bebida é tratada no primeiro catecismo cristão de que se tem registro, a Didaquê, do primeiro século. Ali, fica claro o uso livre do vinho, seja na eucaristia ou no consumo cotidiano dos irmãos. De fato, havia até mesmo uma instrução determinando a existência de um reserva da bebida da comunidade para os profetas visitantes e, na ausência destes, dado aos pobres.

    Clemente de Alexandria (que viveu aproximadamente entre os anos 150 e 215 da Era Cristã) julgava absolutamente justo ao homem consumir a bebida para o seu relaxamento e defendeu fortemente a presença obrigatória do vinho na Ceia do Senhor, contra as tentativas de gnósticos de substituir o vinho por água. 

    Don Perignon: o monge inventor do Champagne. Os religiosos deixaram a sua marca na história das bebidas fermentadas.

    Por fim, o período marca a consolidação na Igreja da visão da moderacionista –ou temperante- em relação ao álcool. E o aspecto curioso a este respeito é que a base teológica desta visão não tem origem no cristianismo, tão pouco no judaísmo. O conceito de temperança é um “empréstimo” da filosofia grega, mais especificamente do esquema de Platão. Foi dali que Santo Agostinho, Santo Ambrósio e outros se municiaram para construir o conceito das quatro virtudes cardeais ou cardinais do cristão (prudência, justiça, temperança e coragem). E foi a partir desta ótica que a questão do consumo álcool recebeu juízo dos grandes doutrinadores da igreja: o álcool não é um mal em si, mas uma benção de Deus e o seu abuso, este sim, um pecado, uma manifestação da gula, um dos sete pecados capitais. Todos os males causados pela embriaguez são derivados da falta de temperança. 

    As vistudes cardeais do cristão no afresco de Rafael. O cristão é chamado a ser temperante em relação ao alcóol.

    O fim do Império Romano, no século 5, fez surgir o modelo econômico feudal, no qual os mosteiros, abadias e outras estruturas religiosas passaram a produzir os seus víveres – e o vinho era item fundamental, não apenas na dieta, mas para as celebrações religiosas. A cerveja também era produzida e largamente consumida pelos religiosos. Os monges foram responsáveis pela maior parte da produção de vinho e cerveja na idade média e também pelo aprimoramento dos processos de fabricação. A disseminação de técnicas entre os mosteiros e ordens envolvia tipos de vinhas, grãos e sistemas de estocagem e fermentação. O vinho era motivo de celebração e a igreja católica relacionou diversos santos à produção do álcool, entre outros: São Adriano e São Armando – padroeiros dos cervejeiros e dos donos de taverna e São Martinho e São Vicente, padroeiros do vinho e dos vinicultores. 

    Na idade média a produção de alcóol é dominada pelos religiosos cristãos.

    A Reforma Protestante é marcada pelo retorno às Escrituras, mas também pelo esforço dos reformadores em romper com as tradições católicas o quanto fosse possível, estabelecendo uma distância não apenas teológica, mas também cultural. Contudo, a visão dos reformadores quanto ao consumo da bebida não recebeu novo escrutínio, ao contrário: eles doutrinaram a Igreja a receber a bebida como uma bênção de Deus e a usufruir dela com moderação, não se deixando dominar por ela. Lutero consumia vinho e era conhecido como um grande bebedor de cerveja, produzida por sua esposa, Catharina. Já João Calvino recebia como parte de seu salário anual da Igreja Reformada suíça sete tonéis de vinho. Até os principais tratados de fé escritos nesse período – como confissão belga (1561) no artigo 35; o catecismo de Heidelberg na pergunta 80 (1563); no artigo 28 dos 39 artigos da doutrina Anglicana (1571); na fórmula Luterana de Concórdia no artigo 7 (1576); e no capítulo 29 da Confissão de Westminster (1647) – faziam clara menção ao uso do vinho.

    E também os puritanos, sempre tão associados a um padrão frugal e conservador de comportamento, não dispensavam uma caneca. 

    Mayflower levou os puritanos ( e muita cerveja) para a América.

    Vindos para o Novo Mundo em busca da liberdade de exercer a sua fé e fazer da nova terra um preambulo do reino celestial, nossos irmãos não esqueceram a bebida na velha Europa, ao contrário. O navio Mayflower que os trouxe ao novo mundo carregava mais cerveja do que água – quase 30.000 litros da bebida e, ao desembarcarem, em Plymouth Rock –EUA, adivinhem qual foi o primeiro prédio permanente que eles construíram? Uma igreja? Uma capela? Não. Uma cervejaria! Increase Mather, clérigo renomado, presidente da Universidade de Harvard e protagonista dos célebres julgamentos relacionados a bruxaria em Salem, resume o ponto de vista dos puritanos sobre o tema em seu sermão Ai dos bêbados, de 1673: “A bebida é em si uma criação pura e boa de Deus, e deve ser recebida com gratidão, mas o abuso de bebida é de Satanás; o vinho é de Deus, mas o bêbado é do diabo.” Azar das bruxas da época e sorte de quem podia apreciar um bom copo de cerveja com assado no dia de ação de graças. 

    O metodismo marca o início da mudança da visão da igreja em relação ao alcóol.

    O movimento metodista nas Ilhas Britânicas marca o início da mudança da visão da igreja em relação ao consumo do álcool. O célebre evangelista John Wesley, no século 18, foi um dos primeiros a se insurgir contra os excessos de bebida entre os crentes, e também pioneiro na articulação de um movimento de proibição do seu uso. Em seus sermões, Wesley reprovava o uso não-medicinal de bebidas destiladas, como conhaque e uísque, e dizia que muitos destiladores que vendiam seus produtos indiscriminadamente não eram nada mais do que “envenenadores e assassinos amaldiçoados por Deus”. Novamente, o contexto histórico-cultural não deve ser ignorado. À época, com o advento da Revolução Industrial, as cidades não ofereciam infraestrutura suficiente para atender às demandas da população que afluía do campo para trabalhar nas fábricas. Faltava água potável e as bebidas destiladas e fermentadas eram largamente usadas”. O ambiente de miséria, somado à embriaguez endêmica, resultou em um grave problema social.” 


    O movimento de temperança surge, em principio, como reação da Igreja ao sério problema de saúde pública provocado pelo alcoolismo nos Estados Unidos. Desde a Corrida do Ouro o Whiskey era a bebida da escolha popular e a cultura dos saloons se espalhava pela nação, trazendo consigo todos os outros males que lhe são próprios e já muito explorados nos filmes de bang-bang. A maioria dos estudiosos concorda que o marco zero foi a publicação, em 1805, de um folheto de autoria do médico Benjamin Rush tratando dos males do álcool. Pela primeira vez, foi introduzida a noção de vício potencial inerente ao consumo de bebidas destiladas e o autor prescreve a abstinência como única cura. Rush, presbiteriano, foi um dos signatários da Declaração de Independência americana e fundador da Sociedade Bíblica da Filadélfia. A relevância do autor explica o impacto que a sua obra recebeu na sociedade. 

    Arcebispo William Mikler: A mudança de um elemento da Ceia do Senhor é uma dupla ofensa.


    O arcebispo episcopal William Mikler, do Apostolado para as Nações, com sede nos Estados Unidos e igrejas em todo o mundo, incluindo o Brasil – país que visita com regularidade –, lembra que este não era um movimento apenas religioso, tanto que um dos polos mais importantes do esforço partiu das feministas, mulheres como Frances Willard e outras personalidades ligadas ao movimento sufragista feminino que queriam a sua voz na nação (voto) e fizeram da igreja o seu palanque principal. O afastamento dos homens da igreja, que foram lutar a primeira guerra, ajudou muito a conquista deste espaço no cenário político e nas congregações. 
    As mulheres estadunidenses lideraram o proibicionismo.

     “O movimento envolvia uma grande disputa por espaço político e, aos poucos, sob o entulho do farisaísmo, foi tomando conta da Igreja, chegando ao ponto de banir o vinho da Ceia do Senhor, o que vai diretamente contra a um mandamento de Cristo.” O resultado, explica Mikler , foi a defesa do proibicionismo como política de Estado, um dos motivos da Lei Seca – emenda à Constituição americana que proibiu a venda e o consumo de álcool no país. O tiro acabou saindo pela culatra, aumentando o consumo no país e estimulando as destilarias clandestinas, a exploração ilegal da indústria de bebida e o crime organizado. 

    Para Mikler, a questão do alcoolismo, naturalmente, merece a atenção da Igreja, mas o grande erro do movimento de temperança foi construir uma teologia apontando a bebida como algo inerentemente mau, justificando, assim, a retirada do vinho da Ceia. “Isto foi uma dupla ofensa: A Deus, que deu o vinho ao homem, e a Jesus, que escolheu este elemento para a Ceia.”

    Mais tarde, quando o metodista Thomas Welsh desenvolveu um processo de fermentação do suco de uva capaz de conservar a bebida sem promover a fermentação alcoólica criando o “suco de uva”, deu-se a substituição do vinho na comunhão. Contudo, vale lembrar, este não é o mesmo elemento (vinho) e nem um subproduto natural. O prensado natural da uva é o mosto (não alcoólico), o qual evolui rapidamente para um produto alcoólico, função da fermentação natural.

    Rev. Rodrigo Lima: Fábulas para retirar o vinho das Escrituras.
    Desde então, há até gente que defenda a tese de que a bebida consumida por Jesus não era alcoólica. O pastor Rodrigo Lima, funcionário público e pastor da Igreja Presbiteriana Independente em Rondônia, rechaça essa ideia usando a própria passagem bíblica que narra o milagre da transformação da água em vinho. “Não bastasse a incoerência de tal afirmação com o comentário registrado nas Escrituras, quando alguém ali estranhou receber o ‘bom vinho’ àquela altura da festa, o vocábulo grego para definir a bebida servida por Cristo – ouinos – é o mesmo usado em todo o Novo Testamento em referência ao vinho alcoolico comum”. Mesmo assim, ele passa longe do copo, e tem bons motivos para isso. “Sou filho de pai alcoólatra, e a bebida destruiu não só seu casamento dele, como minha própria relação com ele. Por causa desse trauma eu não bebo, mas não recrimino quem o faça.”



    LÍCITO x CONVENIENTE

    Associados, na Palavra de Deus, a uma série de problemas – caso de Noé e Ló, personagens bíblicos, que cometeram desatinos quando embriagados –, exageros com o álcool trazem não apenas malefícios espirituais, como a ruína de famílias, episódios de violência e vidas destruídas. O estigma social do álcool é tão intenso que muitas igrejas evitam até mesmo o vinho na celebração da Ceia. “Fazemos isso por consideração àqueles irmãos já enfrentaram ou ainda têm problemas com o alcoolismo”, explica o pastor Paulo Cesar Brito, líder da Igreja Missionária Evangélica Maranata, do Rio de Janeiro. Como também é médico, Brito sabe bem quais são os efeitos do álcool no organismo humano e que basta uma pequena dose para trazer de volta um vício devastador que, muitas vezes, foi deixado para trás graças à fé. Por isso mesmo, nas congregações de sua igreja, os pequenos cálices da comunhão trazem apenas alguns mililitros de suco de uva – o bastante, no seu entender, para manter o simbolismo e o significado espiritual do ato.

    Mas tal posicionamento já foi (e continua sendo) alvo de polêmica. O teólogo reformado Keith A.Mathison é autor de trabalhos respeitados sobre o assunto. Ele acredita que a retirada do vinho da Santa Ceia é uma questão que desafia qualquer principio ordenador que se use na Igreja protestante. Em um de seus artigos mais recentes, Mathinson lembra que a noção do princípio regulador do culto – segundo o qual, no culto de Deus, o que não é ordenado é proibido – é ignorado por completo “quando o assunto é a mudança de um elemento na celebração do mistério da Ceia do Senhor”.

    As igrejas reformadas subscrevem formalmente este princípio. Mathison lembra a história de Nadabe e Abiú, narrada em Levítico 10, para ilustrá-lo. “Deus emitiu comandos específicos sobre como devia ser adorado. Nadabe e Abiú decidiram que seria aceitável mudar algo. Ao fogo estranho, Deus respondeu com destruição”. Para o autor, Jesus instituiu a Ceia com pão e vinho, e não há autorização para mudar isso, assim como não se pode suprimir a água no sacramento do batismo.
    Nicodemos: "Nas igrejas presbiterianas o uso do vinho na Ceia fica a critério das igrejas locais."

    O pastor presbiteriano e chanceler do Instituto Mackenzie, Augusto Nicodemos Lopes, contemporiza: “Não creio que princípio regulador seja tão abrangente a ponto de exigir que seus defensores tenham que usar o vinho. Ele trata de princípios que regem o culto público, e o uso de vinho ou suco de uva é uma questão de circunstância, e não de elemento de culto ou de princípios.” Nicodemos lembra que, mesmo no Brasil, não existe uma unanimidade entre os reformados sobre o uso do vinho ou de suco na Ceia. “Fica a critério das igrejas locais. Fui pastor da Igreja Suíça de São Paulo onde se usa vinho. E pastoreei igrejas presbiterianas onde se usava ou um ou outro. Isso vai muito da mentalidade do pastor e do Conselho.” 

    Barros: Pentecostais transformaram costume em doutrina.
    A predominância da visão abstencionista, nas denominações históricas esta posição não é manifestada oficialmente. “O que não acontece entre os pentecostais, neopentecostais e grupos afiliados ou decorrentes destes”, observa, Thiago Lima Barros, advogado, servidor público federal e pesquisador da história da igreja. : “Esses grupos são os únicos que elevaram tais restrições ao status de doutrina; se não na teoria, pelo menos na prática diária”.

     Para ele, a importância do movimento pentecostal e sua influência sobre toda a Igreja Evangélica brasileira explica muito a posição predominante em relação ao álcool no Brasil – “E não apenas neste aspecto, mas toda uma tradição de usos e costumes”. Diácono da Igreja Nova Aliança, comunidade de linha pentecostal, Barros lembra que na década de 40 após tentativas mais ou menos draconianas, em 1975 na 22ª reunião da Convenção Geral das Assembleias de Deus, realizada em Santo André (SP) deliberou oficialmente sobre vestuário, aspectos da aparência, a abstenção do uso de aparelho de televisão e, claro de bebidas alcoólicas. E estas posições só encontraram algum relaxamento em 1999, por ocasião do 5º Encontro de Líderes da Assembleia de Deus, onde as exigências foram contextualizadas, ainda que sem se abrir mão abrir mão da importância dos usos e costumes como prática saudável e de identidade da igreja.”

    O diácono oferece um posicionamento conciliatório: “Nenhum cristão realmente nascido de novo em Cristo vai defender libertinagem ou embriaguez, que são posturas de evidente mundanismo. Precisamos, de fato, ser santos como o nosso Senhor o é . O problema é que, no afã de vivenciar essa santidade, houve um retorno inconsciente ao legalismo mosaico e aos seus rudimentos fracos, e o bebê foi jogado fora junto com a água do banho.”

    Zibordi: Nem tudo convém ao crente.
    Pastor da Assembleia de Deus, a igreja que foi a principal responsável por essa influência, Ciro Sanches Zibordi cita o texto de Efésios 5.18 para enfatizar a importância de o crente ser dominado pelo Espírito Santo. Ele justifica a abordagem mais conservadora da denominação com um argumento baseado na história e na realidade social da expansão assembleiana. “Como se sabe, a igreja Assembleia de Deus sempre atuou entre as pessoas mais carentes, em favelas e morros, por exemplo, onde muitos alcoólatras são transformados radicalmente pelo poder do Evangelho. Não faz sentido dizer a pessoas que foram libertas de maneira sobrenatural de um vício que elas podem continuar usando com moderação a substância que abandonaram.” 
     

    Autor de títulos como Erros que os pregadores devem evitar e Evangelhos que Paulo jamais pregaria (ambos editados pela CPAD), o pastor, que atua na Assembleia de Deus do Ministério de Cordovil, no Rio de Janeiro, afirma que todo patrulhamento deve ser evitado: “Ninguém tem o direito de interferir na individualidade e na privacidade das pessoas salvas em Cristo”. De fato, mesmo o apóstolo Paulo, tão radical nas regras de conduta que prescreveu à Igreja primitiva em suas epístolas, mostrou-se transigente em relação à bebida. Ele chegou a recomendar a seu filho na fé e colaborador ministerial Timóteo que usasse “um pouco de vinho” para melhorar suas enfermidades digestivas.

    “A Palavra de Deus é um livro de princípios, e isso deve ser levado em consideração quando tratamos de assuntos tão delicados como o consumo de bebidas alcoólicas”, continua o pastor Zibordi. Por outro lado, pondera, um líder cristão consciente pode e deve pregar contra o uso da bebida e seus efeitos. “Tudo o que um alcoólatra precisa é de uma transformação radical, ao invés de uma orientação dúbia. Logo, a despeito de a Bíblia não condenar a bebida alcoólica pela força de mandamento, ela mostra que nem tudo o que lícito é conveniente para o cristão, conforme I Coríntios 6.12”. 







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